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Algodão: saiba como deve ser feito o manejo de fitonematoides

Os ataques dos fitonematoides são muito frequentes na agricultura brasileira, afetando culturas importantes como a soja, algodão, milho e feijão. Há estimativas de que os danos causados por este tipo de praga provoquem prejuízos de cerca de R$ 35 bilhões por ano ao agronegócio brasileiro, de acordo com a Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN).
Os fitonematoides alimentam-se das lavouras, causando danos severos, ao contrário dos nematoides de “vida livre” que habitam o solo e não prejudicam as culturas. As diferentes espécies de fitonematoides podem, por exemplo, sugar a seiva da planta, causando lesões no sistema radicular e impedindo a planta de se desenvolver e produzir. Em alguns casos, a planta pode até morrer com o ataque.
Os fitonematoides ficam concentrados numa camada superficial do solo, mas numa área onde a planta absorve a maior parte da água e nutrientes. Neste processo, a planta excreta os chamados “exsudatos” do que sobra da absorção de água e nutrientes. Estes exsudatos, por sua vez, atraem os fitonematoides, cujos sensores reconhecem a fonte de alimentação. Ao injetar seu estilete na planta, eles inserem toxinas, deixando lesões nas raízes. A planta, então, fica com processos metabólicos mais lentos, explica Henrique Luiz de Faria, engenheiro agrônomo e representante técnico comercial da Satis.

Como evitar e combater os fitonematoides
O manejo para combater os fitonematoides deve ser amplo e iniciado na cultura que antecede o plantio do algodão, neste caso a soja que é implantada antes do algodão no Centro-Oeste, ou até nas plantas de cobertura, pois ambas são hospedeiras destas pragas. Somente com uma estratégia de combate ao problema, o produtor não consegue efetividade, alerta o agrônomo. “Ele precisa ter várias estratégias em todas as culturas para minimizar (o ataque), pois o produtor não consegue eliminar (o fitonematoide) do solo”, e precisa conviver com ele, diz.
O fitonematoide já começa a atacar a planta quando ela nem apresenta folhas, apenas uma radícula pequena que é formada em 12 horas após o plantio da semente. Nesta fase, a praga já consegue causar danos pela intensidade do ataque que pode acarretar perda de produtividade na lavoura.
O primeiro passo para se traçar o escopo do manejo é a realização de uma análise microbiológica do solo. Esta análise vai permitir identificar quais tipos de fitonematoides estão presentes e qual a quantidade deles no solo. Esta é uma análise complexa que é feita várias vezes num mesmo talhão para conseguir mapear o ataque de nematoides.

Manejo biológico
No manejo biológico feito para combater os fitonematoides são usados fungos e bactérias. Os fungos de solo, como os Trichodermas, vão ocupar espaços no solo para que o fitonematoide não se desenvolva. Duas bactérias – Bacillus Subtilis e Bacillus Amyloliquefaciens - provocam um efeito de proteção para que o fitonematoide não chegue ao sistema radicular. O Purpureocillium Lilacinum é um fungo predador dos fitonematoides. Este fungo cria armadilhas para atrair o fitonematoide e se alimenta dele, que acaba morrendo.
Como não é possível colocar um volume muito grande de fungos e bactérias no solo diante de grandes áreas de cultivo, devem ser priorizadas estas aplicações no sulco do plantio ou no tratamento de sementes.

Manejo químico associado
Também é recomendado o manejo biológico associado ao uso de produtos químicos. A solução da Satis, o produto Fulland, pode ser colocado no sulco de plantio antes de a semente ser depositada no solo, associado a produtos biológicos. Inseticidas também podem ser colocados juntamente com o Fulland, caso haja um índice alto de fitonematoides na área. O Fulland aplicado no sulco de plantio vai estimular a produção de substâncias de autodefesa da planta, fortalecendo a sua parte fisiológica. O Fulland também potencializa o manejo fitossanitário contra o ataque de fungos, como o Fusarium que se instala nas lesões provocadas pelo nematoide, provocando mais danos à planta.
Diante da alta incidência de nematoides nos solos brasileiros, somente o manejo biológico não está sendo suficiente para combater a praga de forma eficiente, necessitando da aplicação de agroquímicos, explica o agrônomo. Por isso, é importante que o produtor procure assistência com profissionais especializados para se ter a recomendação da estratégia de manejo a partir dos resultados da análise nematológica.
Depois da prevenção aos ataques com as aplicações de produtos no sulco do plantio, é possível fazer aplicações complementares nas folhas. Podem ser necessárias de duas a quatro aplicações, dependendo do índice de infestação.
Depois da aplicação inicial no sulco do plantio, uma outra aplicação de Fulland e inseticidas químicos pode ser feita depois de 18 a 20 dias. Se o índice de fitonematoides for muito grande, esta aplicação pode ser antecipada para 15 dias após o plantio. Esta aplicação vai prolongar a proteção do tratamento já feito, evitando que a praga ataque a raiz. As aplicações subsequentes devem ser feitas a cada 15 dias, dependendo da infestação. O período de maior sensibilidade para a raiz do algodão é 60 dias, fase em que não se consegue recuperar os danos provocados pela praga, diz Faria. Depois desta fase, as raízes enrijecem e não ficam mais tão atrativas para os fitonematoides, embora eles ataquem a cultura durante todo o seu ciclo, mas em intensidade menor. Esta proteção inicial é muito importante porque protege as raízes mais novas e a sua formação. Depois desta fase, a planta consegue fechar seu processo produtivo sem grandes danos, explica Faria.