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Algodão: veja as perspectivas para a safra 2021/22

O plantio da safra 2021/22 de algodão já começou, com expectativa de aumento na produção e preços mais altos na comparação com a temporada anterior. A colheita brasileira no próximo ano deve totalizar 2,71 milhões de toneladas da pluma, um crescimento de 16,5% frente à temporada 2020/21, de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). A preocupação, no entanto, é com a alta nos custos. 

Em Mato Grosso, maior produtor nacional de algodão em pluma e caroço do Brasil, o clima vem colaborando para um esperado aumento da produção, apesar das previsões de chuvas acima da média em dezembro e janeiro. Em 2020, o estado sofreu com tempo mais seco durante o ciclo do algodão, o que provocou quebra de produtividade.

A produção mato-grossense de algodão na safra 2021/22 deve crescer 18.38% em relação ao ciclo anterior, para cerca de 4,77 milhões de toneladas (em caroço), sendo 1,96 milhão de toneladas em pluma, segundo o relatório do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) divulgado em 6 de dezembro. Os números englobam as duas safras do estado: a primeira cultivada a partir de dezembro e a segunda, a partir de janeiro. A área cultivada deve crescer 14.7% para 1,1 milhão de hectares.


Com o fim da semeadura antecipada da soja nesta safra, o otimismo quanto a janela ideal do algodão segunda safra tem se confirmado no estado. Com mais áreas semeadas dentro do período ideal, diminuem os riscos em relação à produtividade esperada. Os preços futuros atrativos também favoreceram um maior investimento na cultura. Apesar de as projeções de chuvas acima da média para os próximos meses, a estimativa de produtividade permanece em 288,07 arrobas por hectare, alta de 3,7% em relação aos rendimentos no ciclo 2020/21. 

As cotações do algodão haviam recuado em 2020 em função da menor demanda, afetada pela pandemia. Com a retomada do consumo mundial do produto, os preços se recuperaram em 2021. No mercado brasileiro a valorização do dólar em relação ao real torna também impulsiona as cotações.

O preço do algodão medido pelo Cepea/ESALQ vem registrando as maiores cotações dos últimos anos. O indicador Cepea/ESALQ do algodão em pluma se manteve firme em novembro, ultrapassando as máximas nominais da série histórica do Cepea por vários dias. No acumulado de novembro, este indicador subiu 5,25%, fechando a R$ 6,2602/libra-peso em 30 de novembro. Esta alta é provocada pela posição firme de vendedores, elevação da paridade de exportação e pelo alto patamar do preço externo, de acordo com pesquisadores do Cepea.


Apesar dos preços mais altos do algodão, os produtores vêm se deparando com custos mais elevados na hora de comprar os insumos agrícolas, sob a influência do câmbio e de restrições por parte de grandes fornecedores mundiais de matéria-prima. Cleiton Gauer, superintendente do IMEA, recomenda cautela para os produtores nas negociações para comercializar a safra. O produtor deve ficar de olho nos custos e na chamada relação de troca.

Bahia

Na Bahia, segundo maior produtor da pluma, também há perspectiva de aumento de área e produção de algodão nesta safra 2021/22. A Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) estima um aumento de área de 9% em 2021/22 em relação à safra anterior, que foi de 266.662 hectares, sendo que 98% deste total fica no cerrado baiano. 


Na realidade, a área plantada com algodão foi recuperada em grande parte nesta safra diante da recuperação dos preços e margens mais altas para o produtor, explica o presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi. No ano passado, a área de algodão no estado teve uma redução em torno de 15% frente ao ciclo anterior (em torno de 313 mil hectares) por causa dos preços baixos e pela pandemia que reduziu a demanda.


A produção deve totalizar em torno de 560 mil toneladas (pluma), contra 520 mil toneladas na safra 2020/21, segundo Bergamaschi. A Abrapa estima uma safra de 563 mil toneladas no estado. No início de dezembro, os preços internacionais do algodão estavam na faixa de US$ 0,87 a US$ 0,92 por libra-peso, depois de terem atingido US$ 0,93 de outubro para cá. Assim, 65% da safra baiana 2021/22 já foi comercializada ou fixada e o restante vai depender dos preços durante o andamento da safra no ano que vem, afirma Bergamaschi. Cerca de 15% da safra 2022/23 já foi vendida.


Com a alta dos preços, as compras de insumos estão atrasadas para a safra 2021/22 da região, que começa a ser semeada. A orientação é que o produtor analise bem a melhor oportunidade para a aquisição destes produtos, diz o presidente da Abapa, ressaltando que o cotonicultor é bem tecnificado e bem informado. E apesar das incertezas que rondam o cenário internacional, com a descoberta de uma nova variante do coronavírus, a expectativa é de preços firmes para o produtor no início de 2022. Um ponto de destaque na produção baiana é que a qualidade melhorou já na safra passada, fruto do manejo e de novas variedades que o mercado vem exigindo.