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Amendoim: saiba a importância da nutrição neste cultivo que não para de crescer

O amendoim é um dos mais tradicionais produtos consumidos nas festas juninas e julinas em todo o país, seja em forma do grão torrado e salgado, ou ingrediente principal para outros quitutes da culinária caipira, como paçoca e pé de moleque. Também tem a vantagem de ser mais barato que outras oleaginosas, como as nozes, castanha de caju e amêndoas. No campo, o amendoim contribui para a regeneração do solo. Seu cultivo vem crescendo no país e os produtores podem obter ganhos ainda maiores de produtividade com a adubação adequada.

Com origem sul-americana, o amendoim vem evoluindo há milhares de anos, tolerando solos de baixa fertilidade e com baixa demanda de fertilizantes. Entretanto, há muita variação de solos diante de sua ampla distribuição geográfica. Assim, os cultivares são muito produtivos e respondem positivamente à adubação, diz Carlos Alexandre Costa Crusciol, professor titular da Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista (UNESP), de Botucatu (SP). Até o início dos anos 2000, o Brasil cultivava variedades de amendoim de porte ereto, com materiais menos exigentes em termos de fertilidade e de manejo fitossanitário, porém menos produtivos. Na virada dos anos 2000, grandes cooperativas produtoras foram para os Estados Unidos buscar conhecimento técnico para a mecanização e introdução de variedades rasteiras, que produzem um grão maior e com pele cor de rosa. A partir disso, a cultura apresentou um salto de área com a alteração das cultivares plantadas e possibilitou a mecanização.

A produtividade média das vagens de amendoim é de 3.900 quilos por hectare, contra 4.600 kg/ha nos Estados Unidos, um grande produtor e um dos maiores consumidores mundiais de amendoim. Apesar de exigir maior investimento que a soja, a produtividade do amendoim é considerada boa, mas ela pode aumentar de 50% a 100% se o produtor brasileiro investir em nutrição, afirma Carlos Crusciol. Muitos produtores tradicionais de amendoim acreditavam que não era preciso fazer uma adubação mínima nem corrigir o solo em função da imagem de planta rústica, deixando de colher mais volume em menos área. Para o especialista, o produtor faz o controle de pragas e plantas infestantes, mas não faz o básico em adubação.

O amendoim é uma planta rica em proteína que precisa de enxofre para produzir aminoácidos, além de outros nutrientes e micronutrientes, como o molibdênio e cobalto. O uso adequado de fertilizantes também fortalece o estado imunológico das plantas, evitando o uso de produtos fitossanitários para o controle de pragas e doenças, enfatiza Crusciol.


O produtor deve fazer a calagem do solo e garantir o fornecimento de fósforo, enxofre e boro. É possível tratar a semente com molibdênio e cobalto ou fazer a aplicação destes elementos na folha para aumentar a fixação de nitrogênio, além de fornecer esses micronutrientes às plantas.

Um outro ponto que merece atenção são os níveis de potássio do solo. O que o produtor muitas vezes não faz é a aplicação de potássio, deixando de diluir o custo fixo dele por falta da aplicação de alguns elementos, ou seja, limitando a produtividade das lavouras. Normalmente, em termos de adubação, o produtor aplica basicamente fósforo, diz o professor da UNESP.

Para saber as doses exatas de aplicação, recomenda-se fazer uma análise de solo ou acompanhar boletins oficiais publicados por instituições de pesquisa e assistência técnica estaduais, que recomendam as doses, de acordo com a produção e teores do solo da região.

Regeneração do solo

O amendoim tem um sistema radicular bastante vigoroso, sendo uma planta regenerativa. Ela consegue capturar nutrientes que estão sendo perdidos e que podem ir para o lençol freático, portanto tem capacidade muito grande de reciclar nutrientes. O cultivo do amendoim também melhora a microbiologia do solo por meio do aumento de microrganismos benéficos. E a cultura que vai entrar em sucessão ao amendoim, beneficia-se desses nutrientes que ficam disponíveis no solo.

O cultivo do amendoim sempre foi muito atrelado à reforma dos canaviais pela rotação entre as duas culturas no estado de São Paulo. Entretanto, vem crescendo o plantio de amendoim para recuperar pastagens degradadas, e também rotacionado com o milho, trigo, e outros cereais de inverno de maneira geral, conforme o professor da UNESP. No Sudoeste de São Paulo, por exemplo, logo após a colheita do amendoim entre os meses de março e abril, já são semeados o trigo, ou aveia, cevada, triticale, entre outras culturas.

Mercado de amendoim e consumo

A área cultivada com amendoim continua em expansão, com plantações não apenas no estado de São Paulo, que concentrava quase a totalidade da produção nacional, mas expandindo-se para Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Triângulo Mineiro. Ainda hoje, o estado paulista representa cerca de 90% da área plantada.

O consumo per capita no Brasil é baixo na comparação com outros países, de 0,6 kg por habitante ao ano. A área cultivada é de 173 mil hectares e a produção é de 674 mil toneladas.

Os preços do amendoim pagos ao produtor, porém, recuaram um pouco em 2022 em virtude, principalmente, dos volumes altos de estoque diante de uma grande produção nos últimos dois anos, e do conflito entre Rússia e Ucrânia. Isso porque as exportações brasileiras para a Rússia e Ucrânia, que são grandes compradores do amendoim brasileiro, recuaram bastante.

Benefícios do consumo de amendoim

O amendoim é a sexta fonte de proteína vegetal mais produzida e consumida no mundo. O óleo de amendoim tem propriedades que quase se igualam às do azeite de oliva, diz Crusciol.

O amendoim é rico em nutrientes, fibras e nas chamadas gorduras insaturadas, consideradas saudáveis, além de possuir vitaminas e não ter colesterol. Além disso, o produto tem compostos antioxidantes que agem como protetores contra várias doenças, além de prevenir obesidade, diabetes tipo 2, e diminuir o colesterol ruim.