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Cigarrinha do milho: cinco cuidados fundamentais para enfrentar o avanço desta praga

A cigarrinha do milho avançou ainda mais no Brasil, acendendo um sinal vermelho para que produtores de várias regiões do país fiquem alertas e façam o monitoramento para reduzir a população do inseto, evitando prejuízos. Em alguns casos, as perdas podem chegar a 100%. Neste post, a Satis reuniu para você as principais dicas para combater o problema.
Antes de mais nada vale lembrar que a praga (Dalbulus maidis) transmite microrganismos denominados Mollicutes, capazes de causar as doenças conhecidas como “complexo de enfezamentos” nas plantas, que provocam queda significativa na produtividade. Os mollicutes sugam a seiva da planta e entope os seus vasos condutores, que ficam obstruídos, causando desordens fisiológicas, nutricionais e bioquímicas nas plantas de milho. Os sintomas dos enfezamentos são mais severos na fase de produção, polinização e formação dos grãos. Os enfezamentos provocam a má formação das raízes, o que leva ao tombamento das plantas, muitas vezes intensificado por doenças oportunistas causadas por outros patógenos, diz a Embrapa. As espigas podem produzir menos ou até praticamente não apresentarem grãos formados.

Confira 5 dicas para enfrentar a cigarrinha do milho:


Escolha das sementes
Algumas variedades de sementes disponíveis, alguns cruzamentos que são oferecidos no mercado, vêm demonstrando menor sensibilidade à cigarrinha do milho. Vale consultar um engenheiro agrônomo e descobrir qual a melhor opção para a sua região. “Híbridos que tenham pai e mãe tropicais, costumam sentir menos", diz Fabricio Andrade, mestre em agronomia e diretor da Agro7, de Minas Gerais, um dos primeiros especialistas a alertar produtores no Brasil sobre a gravidade da ocorrência da cigarrinha do milho.

Para combater a cigarrinha do milho também recomenda-se evitar a semeadura do cereal em áreas próximas a lavouras mais velhas com alta incidência de enfezamentos e usar híbridos com maior tolerância genética aos enfezamentos, além do uso de sementes certificadas.

Controle precoce e mais amplo
Um manejo de combate à cigarrinha mais amplo deve ser feito, não apenas focado no inseto adulto, mas também em outras fases de reprodução do inseto, como as ninfas (fase de desenvolvimento pós-embrionário dos insetos) e ovos. A associação de inseticidas neste manejo reduz a incidência da cigarrinha, refletindo em ganhos de produtividade, como indicou o especialista Fabrício Andrade. Uma aplicação tripla de inseticidas é recomendada durante a fase adulta do inseto, o uso dos chamados inseticidas neonicotinoides dentro da planta e também uma aplicação sobre os ovos da cigarrinha.

O manejo deve ser iniciado no tratamento das sementes, e estender-se com aplicações em vários estágios de desenvolvimento do milho. Se o milho já estiver plantado, a dica é aplicar o inseticida o mais cedo possível. Fabrício Andrade explica que aos sete dias, o milho começa a emergir, sendo a fase de charuto a mais crucial, aquela em que qualquer contato com a cigarrinha será mais suscetível. Também é importante optar por inseticidas que apresentem maior solubilidade.

Cuidados com a nutrição
Melhorar a nutrição das plantas também é uma estratégia de sucesso para o controle dos microrganismos fitopatogênicos trazidos pelas cigarrinhas. Assim, elementos nutricionais podem ser aplicados em pequenas frações para promover a defesa da planta. O boro, por exemplo, favorece o endurecimento da parede celular da planta, dificultando a ação dos Mollicutes.
Os especialistas alertam que não basta só pensar em inseticida na hora de combater a cigarrinha. Este é um paliativo, mas o grande diferencial de prevenção está associado a um elevado nível nutricional das plantas. Andrade destaca que boas quantidades de boro, magnésio e aminoácidos nas plantas, por exemplo, podem fazer toda a diferença. Ele recomenda pelo menos três aplicações de produtos com foco no fortalecimento nutricional, junto com os inseticidas.

Combate ao milho tiguera
Outro ponto importante trazido por especialistas e representantes dos produtores é a necessidade de se controlar a incidência do milho tiguera nas lavouras, também chamado de milho voluntário, na entressafra. É que o milho tiguera exerce o papel de uma planta daninha, além de ajudar a manter populações de pragas, atuando como ponte verde para a sobrevivência de insetos. Normalmente, estas plantas são observadas após o cultivo de milho na área de produção, podendo atingir também culturas de verão como a soja. A eliminação de plantas voluntárias de milho, de forma química ou mecânica, é uma das principais estratégias de manejo da cigarrinha do milho e enfezamentos, especialmente quando feita de forma integrada a outras práticas, como o período adequado de semeadura, uso de cultivares tolerantes, entre outras, de acordo com pesquisadores da Embrapa.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) até faz uma campanha para reforçar a destruição das plantas tigueras, tamanho o efeito devastador destas plantas para a proliferação da cigarrinha do milho e de outras pragas nas lavouras.


Manejo biológico
O manejo biológico também se destaca como grande aliado para prevenir a ocorrência da cigarrinha do milho. Um guia divulgado pela Embrapa, Secretaria de Agricultura do Paraná e outras entidades mostrou que o manejo com produtos que contenham estes dois fungos - Beauveria bassiana e o Metarhizium anisopliae, pode controlar em 85% a presença do inseto.

O fungo tem a capacidade de entrar na cutícula do inseto, eliminando a presença deste inimigo da lavoura de milho, com resultados visíveis 10 dias após a aplicação”, explicam especialistas. No entanto, o manejo precisa ser feito logo após a emergência, o mais cedo possível, para que os resultados sejam otimizados.