A cada pequena trégua nas chuvas, os produtores de Mato Grosso, estado que lidera a produção nacional de soja, aproveitam para avançar rápido com a colheita. Até o dia 5 de março, ao todo 67,2% da área de soja no estado já estavam colhidos,  segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Este resultado representa um atraso em relação ao ano passado já que, nesta época, 91,47% da área já havia sido colhida na safra 2019/2020. A média das últimas cinco safras indica que a colheita deveria estar em 80,27% neste período. 

 

Os analistas explicam que, além do atraso no plantio causado pelo clima, outro fator importante que prejudicou o ritmo da colheita foi o excesso de umidade no final do ciclo. Os boletins das principais consultorias informam há relatos de grãos avariados e cargas com alta umidade, o que provoca filas de caminhões em alguns armazéns de recebimento, já que a padronização dos lotes demanda mais tempo.

 

“No Paraná o atraso na colheita também é expressivo", diz o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierres. Segundo ele, o normal seria ter mais de 49% da área colhida no estado. O Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral) informou, no entanto, que até o dia 8 de março a colheita da soja atingia 36% da área projetada para este ciclo. Em relação a qualidade das lavouras, os resultados mostram estabilidade. A proporção de áreas em condição boa no Paraná se manteve em 81%, a situação média atinge 17% e em condição ruim foram enquadradas apenas 2% das áreas.

 

Em todo o Brasil a consultoria Safras & Mercado calcula que 34,2% das áreas de soja tenham sido colhidas até o final da última semana. A média para este período é de 43,9%. 

 

Com foco total nas máquinas em campos, a comercialização da soja está mais lenta. Luiz Fernando Gutierrez diz que 62,7% da produção brasileira de soja da safra 2019/2020 já foi comercializada. "Agora é um período que o produtor espera terminar a colheita pra ver qual foi o rendimento das lavouras pra só então retomar as vendas”, diz o analista. A Safras & Mercado ainda não fechou uma estimativa sobre quanto da safra 2021/2022 também já foi comercializado, mas sabe-se que em Mato Grosso, por exemplo, pelo menos 20% da produção da próxima safra já teve a venda antecipada.