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Demanda e câmbio impulsionam produção de manga no Brasil

A manga brasileira é cada vez mais apreciada pelos consumidores do exterior, principalmente na Europa. O aumento da demanda e o câmbio valorizado explicam o bom momento das exportações brasileiras da fruta. Os embarques do produto devem continuar aquecidos no segundo semestre, depois de registrarem um crescimento surpreendente de cerca de 50% nos primeiros seis meses do ano, o que acaba também encorajando produtores a expandir o cultivo da fruta.
A receita com as exportações cresceu 48% no primeiro semestre frente ao mesmo período do ano passado, totalizando US$ 80 milhões, segundo dados da Abrafrutas. Em dólares, a manga lidera as vendas entre as frutas brasileiras vendidas ao exterior. Já o volume embarcado da fruta subiu 46% no mesmo período, atingindo 79,2 mil toneladas. Em todo o ano passado comparado com 2019, as exportações de manga aumentaram 11% em receita e 13% em volume.
Neste segundo semestre de 2021, as vendas externas de manga devem continuar crescendo, mas num ritmo um pouco menor, em torno de 20% comparado ao mesmo período de 2020, estima Paulo Dantas, um dos fundadores da Abrafrutas e também sócio e diretor-presidente da empresa Agrodan, de Pernambuco. As estimativas levam em conta o maior volume que normalmente é embarcado na segunda metade do ano, então não há mais espaço para crescer tanto. A Europa é o destino de 75% da manga produzida no Brasil, outros 20% vão para os Estados Unidos e 5% seguem para mercados como Rússia, Canadá, América do Sul, Japão e Coreia do Sul.
Considerando todo o ano de 2021, a expectativa é de que os embarques cresçam mais de 30% frente a 2020, prevê Dantas. Além da maior demanda registrada nos últimos anos, o câmbio desvalorizado frente ao dólar e ao euro torna a manga brasileira mais competitiva lá fora, uma ajuda e tanto para estimular as exportações.

Manga brasileira em evidência

Apesar da forte concorrência, uma das vantagens da fruta brasileira é a oferta garantida aos mercados consumidores mundo afora praticamente durante o ano inteiro. A distribuição dos plantios em diferentes talhões permite a produção de manga em diferentes épocas do ano. Um dos segredos deste diferencial é o trabalho de indução floral que é feito pelos produtores, utilizando hormônios e técnicas de irrigação. Assim, a floração fica garantida e, consequentemente, a produção de frutos também ocorre de forma regular ao longo de todo o ano.
O interesse pela manga, antes uma fruta desconhecida, vem aumentando por parte dos consumidores estrangeiros. É o resultado do trabalho de importadores, iniciado há cerca de 20 anos, que passaram a fazer um processo para amadurecer a fruta vinda do Brasil e de outros países, antes de colocá-la nas gôndolas. Desta forma, garantem o fornecimento do produto maduro para o consumidor. Isso permite um giro maior das vendas, incentivando assim o consumo, explica o representante da Abrafrutas.
As variedades de manga mais exportadas pelo Brasil são a tommy, palmer, kent e keitt. Mais de 80% da fruta que vai para o mercado externo sai da região do Vale do São Francisco, que lidera a produção nacional. Esta região tem clima quente e seco, com temperaturas mais estáveis que garantem condições ideais para uma boa safra.
Apesar do ritmo acelerado das exportações, elas representam apenas 20% da produção total de manga no país. “O grande mercado é o interno”, afirma Dantas. Não existem dados precisos sobre a produção nacional, mas estima-se um volume anual de cerca de 1,4 milhão de toneladas. A produção vem se expandindo e muitas áreas novas com a manga foram abertas nos últimos anos, em função da demanda crescente no mercado internacional.
A Agrodan, por exemplo, pretende aumentar a fatia do mercado interno para 40% do seu faturamento total em cinco anos. Hoje, as exportações representam 95% do faturamento da companhia, considerada a maior exportadora de manga do país.
Atualmente, muitas cidades de porte médio no Brasil não recebem a fruta, então este mercado tem um grande potencial de crescimento. Além do mais, o brasileiro consome pouca manga, 6kg/per capita, ou 6 quilos por pessoa por ano. “Isso dá uma manga por mês”, diz o diretor-presidente da Agrodan.