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Dia do Trigo: motivos para comemorar com avanço recente da produção

Dia do trigo: motivos para comemorar com avanço recente da produção

O produtor rural brasileiro é persistente, dedicado, incansável na busca de novas tecnologias e resiliente quando o mercado oscila demais. É por isso que neste dia 10 de novembro, data em que se comemora o Dia do Trigo, temos motivos de sobra para comemorar. E o principal deles: a produção brasileira de trigo está crescendo em ritmo acelerado e estamos cada vez mais próximos do país alcançar a autossuficiência, ou seja, produzir trigo em quantidade igual ou superior ao consumo do cereal no Brasil.

A produção brasileira de trigo passou de 5,2 milhões de toneladas na safra 2019/2020 para uma expectativa de 9 milhões de toneladas na safra 2021/2022, que já está sendo colhida, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab. São diversos fatores que contribuem para este avanço: preços internacionais mais elevados, que estimulam a expansão da área plantada em diferentes regiões do Brasil, e a pesquisa agropecuária que vem desenvolvendo variedades mais adaptadas a distintas condições de solo e clima, com produtividades mais elevadas.

"O trigo tem potencial para se transformar no novo milho no Brasil”, avalia Marcelo De Baco, da De Baco corretora de mercadorias, especializada no cereal. O analista se refere ao crescimento acelerado que a produção de milho mostrou nos últimos anos devido à expansão da segunda safra, antes chamada safrinha, e que hoje é muito maior que a primeira safra, plantada no verão.

Portanto, este futuro promissor do trigo está bastante relacionado ao aumento do cultivo na região do Cerrado. De acordo com dados da Embrapa, apenas 5% da área potencial para a produção de trigo no Cerrado é cultivada, já que pouco mais de 200.000 hectares do potencial esperado, calculado em 4 milhões de ha, foram plantados. As lavouras existentes estão localizadas principalmente nos três estados da região Centro-Oeste, na Bahia e no Distrito Federal. Porém, alguns estados do Nordeste como Ceará, Piauí e Maranhão também começaram a plantar trigo, recentemente.

O potencial também é forte em relação trigo irrigado, que oferece maior produtividade. A cultivar de trigo irrigado BR 264, desenvolvida pela Embrapa e utilizada em 70% da área plantada no Cerrado, bateu um recorde mundial de produtividade em 2021. Uma propriedade rural em Cristalina, no estado de Goiás, colheu 9.630kg/ha, o que equivale a 80,9kg/ha por dia.

Região Sul

Em paralelo ao avanço nas fronteiras agrícolas, a produção de trigo também vem crescendo nas regiões tradicionais, especialmente no Sul do Brasil. O destaque fica para o Rio Grande do Sul. Ao contrário do Paraná, que tem clima apropriado para o cultivo do milho segunda safra, os gaúchos ainda deixam milhares de hectares de terra praticamente sem uso durante o inverno, o que representa uma oportunidade.
Os estados da região Sul podem colher 8,4 milhões de toneladas em 2022, respondendo por mais de 90% da área e da produção do cereal no Brasil. Segundo a Embrapa, mesmo assim, a produção de trigo ainda ocupa uma pequena parte das áreas onde a soja é cultivada no verão, o que garante um potencial de expansão do trigo entre 5 e 7 milhões de ha na região, que tem clima subtropical, tradicionalmente adaptado.
Neste cenário, o presidente da Embrapa, Celso Moretti, tem repetido em diferentes encontros do agronegócio que o Brasil poderá ser autossuficiente em trigo no prazo de 5 anos – anteriormente os pesquisadores consideram um prazo de 10 anos para que isso ocorresse. “Há mais de 40 anos nós começamos a trabalhar com o melhoramento genético do trigo para fazer adaptação. E a partir de 2010, quando começamos a trazer o trigo ao Cerrado, começamos a desenvolver variedades adaptáveis. Até impressiona as pessoas no mundo, que conhecem o trigo produzido em regiões frias. E a Embrapa mostrou que é possível produzir e colher trigo nos trópicos”, disse ele. A mesma previsão foi feita pelo presidente Associação Brasileira Indústria Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa, prevendo que o país produza volume próximo de 13 milhões no prazo de cinco anos, que é o atual consumo dos brasileiros.