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Hortifruti: produtores apostam na diversificação e garantem mais renda

Em tempos de incerteza, custos em alta e riscos climáticos, produtores vêm descobrindo cada vez mais a importância da diversificação no campo. No setor de hortifrutigranjeiros esta já era uma realidade faz tempo, mas com a alta nos preços de produtos como soja e milho, a tendência ficou ainda mais forte e já garante boa margem de lucro, até mesmo para os pequenos produtores.
Um bom exemplo disso é o produtor Ronaldo Marcos Soares, de Uberlândia, Minas Gerais. Em uma propriedade de 32 hectares, ele planta mais de 20 produtos agrícolas diferentes, principalmente verduras, e vem ampliando cada vez mais a produção. "Quando começamos há mais de 10 anos, eram 5 bandejas de alface por semana, hoje são 200, que garantem 50 mil pés de alface por semana”, conta com orgulho.

Soares lembra que acordava as 3h da manhã, ele mesmo cuidava da comercialização e voltava para casa as oito da noite. Foram anos de muito trabalho, persistência e “muita coragem”, como diz, jamais desistindo mesmo naqueles períodos que uma geada destruía tudo o que se tinha investido.
E foi com esta mesma coragem que há três anos ele decidiu passar a plantar milho também, cultura que fugia um pouco daqueles itens que estavam mais acostumados. Os especialistas recomendam que após colher um determinado produto, como a alface, aquele mesmo terreno seja utilizado para outra cultura, exatamente o que fez o Ronaldo Soares. Atualmente cultiva 20 hectares de milho durante o verão, utilizando áreas em que antes estavam as hortaliças.

"A grande vantagem é que o investimento é zero em adubação para o milho, já que naquela área já houve uma aplicação intensiva de nutrientes para as hortaliças, em que se utiliza esterco, ureia e também fertilizantes especiais", revela. Desta forma, vem colhendo milho com produtividades acima da média, a maioria vai para silagem, com rendimento de 45 toneladas por hectare.
Ele admite que este é um ano difícil, enquanto o preço da ureia triplicou de 2021 para cá, vendeu o pé de alface a R$1,50, comparado com R$1,10 no ano anterior, quer dizer, o preço da hortaliça até subiu, mas ficou longe de acompanhar o ritmo da alta nos custos.

Em busca do equilíbrio financeiro

O assistente ténico da Satis Arnaldo Valeriano Resende explica que o setor de hortifrúti está sujeito a grandes variações de preços e que a diversificação tem sido a saída encontrada para garantir margens de lucro mais assertivas, minimizando os riscos. Em alguns casos, é apenas uma forma de aumentar a renda, aproveitando oportunidades como o período de alta nos preços de produtos como soja e milho, uma realidade que também se estende aos médios e grandes produtores.

Nos municípios da região mineira de Araxá, por exemplo, são plantados 20 mil hectares de batata e pelo menos 80% das propriedades já fazem algum tipo de diversificação.
"A grande tendência é a soja e o milho, antes o produtor tinha a safra de verão de batata e a safra de inverno, agora ele tem optado por cultivar cereais no verão", explica Resebde. A estratégia é recomendada porque o ideal é dar um intervalo de três anos após cultivar batata em determinada área, desta forma a terra segue sendo aproveitada e garantindo lucros ao produtor.

O caminho inverso também é uma realidade. O pecuarista Henrique Milagres de Araxá há décadas trabalhava somente com gado, sem investir na agricultura. Este ano plantou a sua primeira safra de tomate com o apoio dos técnicos da Satis e ficou entusiasmado com os resultados. "Plantamos duas mil mudas, a produção já foi toda vendida e, apesar do investimento necessário em irrigação, considerando o preço que era praticado no mercado, tivemos uma rentabilidade de mais de 60%", contou o produtor. A ideia agora é seguir investindo na produção de tomate, com pelo menos três safras no ano.