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La Niña: saiba como o terceiro ano do fenômeno pode influenciar a sua lavoura

O fenômeno La Niña se caracteriza pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico e costuma causar menor ocorrência de chuvas na região Sul do Brasil e tempo mais chuvoso nas áreas mais ao Norte do país. Mas está cada vez mais difícil para os meteorologistas saber ao certo qual será o efeito do La Niña para a safra agrícola. Isso porque outros eventos climáticos também acabam interferindo nas chuvas.

Em um aspecto os meteorologistas concordam: é raro ter tantas safras seguidas sob o efeito do La Niña. A safra 2022/2023 vai começar ainda sob a influência do fenômeno, ou seja, o terceiro ano seguido. De acordo com a meteorologista da Climatempo, Nadiara Pereira, isso só ocorreu duas vezes, uma delas na década de 70 e outra no final dos anos 90.

A boa notícia é que a maioria dos especialistas acredita que os efeitos negativos sobre a produtividade desta vez serão menores ou até inexistentes em algumas regiões. Mesmo nas últimas duas safras o La Niña já vinha sendo classificado como de intensidade moderada, por isso chegou a se projetar uma safra recorde de soja, por exemplo, em 2021/22, quando a chuva chegou na hora exata do plantio nas principais regiões produtoras. O que ninguém esperava é que houvesse uma espécie de corte das chuvas, especial no Rio Grande do Sul e no Paraná, no período crucial para o desenvolvimento da soja, o que derrubou em 20 milhões de toneladas o potencial produtivo da última temporada.

"São outros fatores que vem influenciando as chuvas, basta observar os altos volumes registrados no Rio Grande Sul durante o outono, isso não combina com La Niña˜, explicou a agrometeorologista da Rural Clima, Ludmila Camparoto. Ela diz que são diferentes aspectos, mas cita a temperatura do Oceano Atlântico como uma das influências recentes no cenário de chuvas da região Sul do Brasil. “Quando as águas estão mais quentes, as frentes frias provocam chuvas mais regulares apresentam melhor qualidade, mas quando ocorre o contrário, a precipitação fica irregular", diz Camparoto. O problema é que, ao contrário do La Niña, esta temperatura do Atlântico não pode ser prevista com tanta antecedência.

Para a safra 2022/2023, os meteorologistas acreditam que devem predominar chuvas dentro da normalidade. É possível que o tempo chuvoso não chegue tão cedo quanto ocorreu em 2021, mas é pouco provável que haja um atraso tão grande quanto o registrado em 2020, quando a soja foi plantada bem mais tarde e acabou prejudicando a janela do milho segunda safra.

“Mas no Rio Grande Sul entre o final do inverno e o início da primavera ainda teremos estiagem, por influência do La Niña”, alerta Nadiara, da Climatempo. A meteorologista afirma que o início das chuva em setembro, inclusive na região Centro-Oeste, pode ser bastante irregular, variando muito de uma área para outra, algo que também já foi registrado na safra 2021/2022. De qualquer forma, não acredita em perdas tão intensas quanto na última temporada, já que no início de 2023 o La Niña tende a se enfraquecer. "Acreditamos que na segunda safra de milho já estaremos no padrão de normalidade, sem a influência deste fenômeno", acrescentou.