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Mandioca: preços devem continuar em alta

A menor oferta de mandioca nas principais regiões do país vem causando alta nos preços da raiz há pelo menos um ano. No caso do Paraná, segundo maior estado produtor de mandioca do Brasil, depois do Pará, a queda na produção tem levado os preços pagos aos produtores a atingir as maiores cotações dos últimos cinco a seis anos. E tudo indica que os preços devem continuar em alta, pelo menos, até o final de 2022.
Um dos principais ingredientes do tradicional pão de queijo e da tapioca, a mandioca é consumida de diversas formas em todo o país e, por isso, tem uma demanda crescente. A oferta, porém, vem diminuindo nos últimos anos em função da preferência dos produtores por outras culturas de ciclos mais curtos, como a soja e o milho, e o trigo na safra de inverno, que vem apresentando altas expressivas nos preços, além da influência do câmbio favorável que incentiva as exportações destas commodities, explica Methodio Groxko, economista técnico do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral). A mandioca de primeiro ciclo é colhida um ano após a semeadura, e a de dois ciclos tem colheita em 18 meses. Outra atividade que concorre com o cultivo da mandioca é a pecuária. Os preços do boi também atrativos contribuem para a não-expansão do cultivo da mandioca, uma vez que o custo de arrendamento de áreas de pastagens degradadas para as culturas agrícolas, como a mandioca, ficou muito mais alto. Outro empecilho para a expansão da produção é a falta de mão de obra, que representa de 40% a 50% do custo total da mandioca.
Preços subiram 90% em um ano
O cenário de aperto na oferta e demanda firme aparece nas cotações da raiz de mandioca feitas pelo Cepea, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq-USP. O preço médio mensal, ao final do mês de julho, completou um ano de altas consecutivas. Naquele período, o valor médio nominal a prazo da tonelada de mandioca posta fecularia estava em R$ 923,69.
Estimativas preliminares para a área cultivada com mandioca no Paraná em 2022 apontam para 132 mil hectares, ligeiro aumento se comparado aos 130 mil hectares semeados no estado no ano passado, aponta o Deral. Apesar disso, a tendência de alta deve se manter. Em um ano, os preços da mandioca paranaense já aumentaram 90%, saindo de R$ 463 a tonelada em agosto do ano passado para R$ 875 reais/t na semana encerrada em 26 de agosto, de acordo com dados do Deral. Atualmente, o custo total de produção está em R$ 525 por tonelada. Assim, o produtor vem obtendo bons retornos do cultivo da mandioca, planta que também é bem resistente a intempéries climáticas e dificilmente apresenta quebra, diz o economista do Deral. Desta forma, o produtor dificilmente perde dinheiro nesta cultura. Outro fator positivo é que os produtores paranaenses estão bem tecnificados, diz Groxko.
A produção paranaense de mandioca para este ano é projetada para 2,25 milhões de toneladas, contra 3,57 milhões em 2021. Mesmo com retornos financeiros positivos da produção de mandioca, produtores devem utilizar um pacote tecnológico adequado para diminuir os custos de produção, alerta Groxko. As variedades devem ser recomendadas por institutos de pesquisa como a Embrapa. O produtor também precisa realizar a análise de solo e adubação adequadas.

Exportações de fécula de mandioca
Outro ponto positivo do mercado de mandioca é que os produtores paranaenses estão aumentando as exportações de fécula. O Paraná tem o maior parque industrial de mandioca do país, liderando a produção nacional de fécula.
Impulsionadas pelo câmbio, as exportações já atingiram 24 mil toneladas até julho. Em 2021, foram embarcadas 41 mil toneladas de fécula de mandioca, mais que o triplo das 13 mil toneladas exportadas em 2020. O produto segue principalmente para países do Mercosul.
Os embarques precisam ter continuidade para conquistar espaço no mercado internacional, afirma o economista do Deral.
Conhecida também como goma, amido ou polvilho doce, a fécula de mandioca é um pó fino, branco, sem cheiro e sem sabor, que tem mais de 800 usos para diferentes tipos de indústrias, de acordo com a Embrapa.