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Mercado de café: saiba a tendência para os preços e para o clima em 2022

Produtores de café estão de olho no clima e mais resistentes à venda dos grãos, o que tem contribuído para sustentar as cotações do arábica. Os preços, portanto, ainda não refletem a pressão natural deste período de colheita em que, tradicionalmente, há um aumento na oferta de café no mercado. Saiba o que esperar do clima e dos preços do café daqui para frente.


A boa notícia é que, por enquanto, não há previsão de geadas intensas para as áreas produtoras de café no curto prazo. O clima deve se comportar dentro da normalidade, de modo geral, durante o período de colheita, segundo o agrometeorologista e sócio-diretor da empresa de consultoria meteorológica Rural Clima, Marco Antonio dos Santos.


Entretanto, é bom lembrar que os modelos de previsão climática que apontam geadas são mais precisos em curto espaço de tempo, com dez dias de antecedência, ou seja, não é possível prever com precisão a ocorrência de geadas com meses de antecedência.


Apesar da expectativa de temperaturas baixas em algumas regiões do país, o que é comum para esta época do ano, não há nada no radar em relação às geadas, diz Marco Antonio dos Santos. Chuvas pontuais têm ocorrido e, entre o fim de julho e agosto, há previsão de um período de 70 dias sem chuvas nas principais regiões produtoras, o que é benéfico para a colheita. O fenômeno climático La Niña, que normalmente provoca atraso das chuvas, deve persistir até setembro, outubro, e depois enfraquece, afirma o agrometeorologista.


O cenário, por enquanto, é diferente do ano passado, quando as geadas e a seca impactaram a produção que está sendo colhida este ano. O volume total esperado para esta safra de café 2022 é de 53,4 milhões de sacas, um aumento de cerca de 5,7 milhões de sacas em relação à temporada anterior, mas representa uma queda de 15,3% se comparado com a colheita de 2020, último ano de bienalidade positiva da cultura. É o que aponta o segundo levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em maio.

Colheita está atrasada
A colheita de café (somando o arábica e conilon), que estava em 24% da área total até 7 de junho, representa de modo geral um atraso em relação a 2021. O percentual colhido também está abaixo da média dos 30% registrados nos últimos cinco anos, de acordo com dados da consultoria Safras & Mercado. Até 7 de junho, 17% da área com arábica havia sido colhida, praticamente o mesmo percentual em relação ao mesmo período de 2021, ano em que também houve atraso na colheita se compararmos com às últimas safras. No caso do conilon, 36% da área foi colhida até o início de junho contra 43% na mesma época no ano passado.
Chuvas entre o fim de março e abril atrapalharam a fase final de maturação das lavouras de conilon, o que retardou a colheita, explica o analista da Safras & Mercado, Gil Barabach. Além disso, há relatos de falta de mão de obra para a colheita no Espírito Santo, maior produtor nacional da variedade.


No caso do café arábica, os produtores também relatam falta de mão de obra na região da Mata de Minas (MG). Além disso, o produtor, que está mais capitalizado diante da alta dos preços do grão desde o ano passado, está esperando um pouco mais para colher e beneficiar o produto. Isso porque ele não precisa comercializar logo os grãos para pagar suas contas. Com isso, a disponibilidade de café no mercado físico está mais baixa do que o normal para este período de colheita, especialmente dos cafés de melhor qualidade. Somado a isso, também há uma demanda de compra externa diante da menor produção de cafés finos da Colômbia, embora esta procura não seja agressiva, afirma Barabach.


Cenário de preços do café
Este descasamento entre demanda e disponibilidade, principalmente de cafés de melhor qualidade, contribui para sustentar os preços do café. Em 9 de junho, por exemplo, o café de bebida boa do Sul de Minas estava cotado a R$ 1.300 a saca. No mesmo período de 2021, a cotação estava em R$ 830, embora em fevereiro deste ano tenha chegado a R$ 1.500. Apesar da inflação e da alta dos custos de produção, em termos reais, as cotações do café estão mais altas.
Quando a colheita avançar, naturalmente, deve haver uma pressão sazonal sobre os preços, mas o cenário ainda é positivo, levando em conta também a valorização das commodities no mercado mundial. Vai depender muito do clima, principalmente nos meses de junho e julho, em que há maior risco de ocorrerem geadas, além da ocorrência das chuvas na primavera, que vão indicar uma melhora na oferta a partir de 2023, comenta o analista.


Quer saber mais sobre a cultura de café? Então, acesse também um post divulgado em maio neste blog sobre as dicas de especialistas para os cuidados no pós-colheita. Tudo para garantir maior produtividade para suas safras. Neste link, você consegue acessar este conteúdo.