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Preço da soja: cenário para 2023 tem muita incerteza

A previsão de uma safra de soja recorde em 2022/2023 deve pressionar os preços nos próximos meses. Analistas apostam em tendência de queda caso não haja uma melhora na demanda pela soja brasileira, que diminuiu em 2022.

Outro fator que pode modificar este cenário de preços é o comportamento do clima. A maioria dos meteorologistas aposta no enfraquecimento do fenômeno La Niña nos primeiros meses do ano, o que reduz o risco de uma seca mais severa, que possa comprometer a produção na região Sul. Mas os produtores rurais vêm relatando chuvas irregulares em diversas áreas do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. Algumas lavouras também foram afetadas pela chuva de granizo.

“O início da colheita da safra brasileira pode trazer pressão de baixa para os preços, mas também estamos acompanhando de perto o comportamento do clima na Argentina, que mais uma vez está enfrentando dificuldades com o clima seco”, destaca Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. O analista lembra que ao longo de 2022 muitos produtores rurais deixaram de aproveitar preços bastante elevados, quando a saca de soja chegou a ser comercializada por R$ 200. Na safra 2022/2023, a maior parte das consultorias de mercado está prevendo preços levemente mais baixos para a Bolsa de Chicago, que serve de referência para as cotações no Brasil. No Brasil, caso não haja problemas climáticos significativos, alguns consultores estimam que a safra 2022/2023 possa alcançar 153 milhões de toneladas, bem acima das 125,5 milhões de toneladas colhidas no ano anterior.

Demanda chinesa

A China compra atualmente cerca de 68% da soja que o Brasil exporta, mas o país asiático vem reduzindo as compras de commodities agrícolas.

Os chineses importaram 52,5 milhões de toneladas de soja brasileira de janeiro a novembro de 2022, uma queda de 13% em relação aos 60,5 milhões de toneladas embarcadas no mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

“Nós acreditamos que os embarques para a China devem aumentar em 2023, já que a safra maior deve permitir ao Brasil exportar mais de 90 milhões de toneladas, portanto, mesmo se mantiver o mesmo percentual de participação, o volume já será maior, pelo menos 60 milhões de toneladas”, afirma o sócio-diretor da MD Commodities Ismael Menezes. Caso a demanda fique mais aquecida, os preços e prêmios da soja no Brasil podem ter um fator de alta, para ajudar o produtor rural.

Os analistas mais otimistas estão projetando exportações para a China próximas de 100 milhões de toneladas em 2023, o que poderia ajudar a manter os preços da soja em patamares elevados. Se isso acontecer, a demanda voltaria aos níveis da safra 2020/2021, já que na última temporada estima-se que os chineses tenham comprado bem menos, cerca de 91 milhões de toneladas. O mercado acompanha de perto a recuperação da indústria de suínos na China. Caso os preços por lá voltem a ser remuneradores, será necessário investir mais em ração e comprar mais soja e milho do Brasil.