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Preço do milho: ciclo de alta deve durar mais 3 anos

Demanda em alta e oferta restrita com os problemas climáticos são a combinação perfeita para que o milho siga batendo recordes de preço. Alguns analistas acreditam que este é um dos chamados “macro ciclos” de alta para as commodities agrícolas, um período de cotações firmes que tende a se estender por vários anos.
Houve um período em que o mercado do milho era totalmente diferente da soja, que sempre esteve atrelada às cotações da bolsa de Chicago. A definição do preço do milho, no caso do Brasil, ficava restrita ao balanço de oferta e demanda do mercado interno. Mas quando o produtor brasileiro descobriu o caminho das exportações de milho, as coisas mudaram. Cada vez mais os dados de demanda e oferta mundiais e as cotações em Chicago, também ajudam a determinar o preço no Brasil. Em 2019, por exemplo, o Brasil exportou mais de 42 milhões de toneladas de milho, patamar muito próximo dos Estados Unidos, que é o maior player mundial. Desta forma, uma valorização do milho lá fora, em dólares, já seria suficiente para pressionar os preços, porém nos últimos tempos a taxa de câmbio também ajudou a impulsionar o valor pago aos produtores no Brasil.
O analista da Pátria Agronegócios, Matheus Braz, diz o valor médio da saca de milho em reais teve uma valorização de 380% entre 2016 e o início de 2021. Saiu de um patamar de R$ 25/sc para quase R$ 100/sc. Na Bolsa de Chicago, neste mesmo período, a alta acumulada do milho chegou a 167%, algo equivalente a US$ 285/ton atualmente, contra US$ 170 há cinco anos.
O analista explica que o principal motivo deste “macro ciclo” é o crescimento expressivo na demanda mundial, puxada pela China, que passou a consumir mais grãos para rações certificadas depois de enfrentar problemas com a peste suína africana. De outro lado, desde 2016 são registradas quebras de safra, que em alguns momentos ocorrem na América do Sul e em outros afetam a produção norte-americana. Na opinião do analista, o ciclo de bons preços para o milho deve continuar por pelo menos mais três anos, “a não ser que um novo surto acometa o rebanho chinês por exemplo", o que é um cenário possível, mas pouco provável, ressaltou Matheus Braz.

Quebra na segunda safra de milho

O movimento de alta vem se acentuando em 2021 com a crescente expectativa de quebra na segunda safra de milho aqui no Brasil. A cada a semana as consultorias revisam números devido a falta de chuva em regiões fundamentais para a produção de milho, especialmente no Paraná em em Mato Grosso do Sul.
Dados divulgados no dia 30 de abril pela consultoria Safras & Mercado revelam que a safra de milho 2020/2021 no Brasil deve ficar em 104,138 milhões de toneladas. Na estimativa anterior, os analistas previam a colheita de 112,814 milhões de toneladas. O corte é resultado das perdas que vem sendo registradas no milho safrinha, segundo a consultoria. Apesar do aumento de área registrado nas principais regiões, com a perda de produtividade, o número também ficará abaixo da colheita do ano passado, que ficou em 106,833 milhões de toneladas.