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Safra de milho 2023: previsão de produção recorde e preços ainda firmes

Apesar dos problemas climáticos no Rio Grande do Sul, a safra brasileira de milho 2022/2023 ainda promete ser recorde, em função do avanço na área plantada e de boas produtividades em diversas regiões. No caso dos preços, como a demanda segue aquecida, analistas projetam cenário positivo para os próximos meses, mesmo com a maior oferta de milho brasileiro.

A safra total de milho do Brasil em 2022/2023 deve superar 125 milhões de toneladas, de acordo com levantamento divulgado em janeiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O número foi levemente revisado para baixo, em 800 mil toneladas, em função de problemas climáticos na safra de verão, que atualmente tem menor relevância no país se comparada à segunda safra, que é colhida no inverno. Por isso, as projeções seguem de que o Brasil alcance um novo recorde na produção de milho.

As perdas na safra de verão vêm sendo verificadas no Rio Grande do Sul, estado que teve irregularidade nas chuvas e longos períodos de tempo seco. De acordo com a consultoria Agroconsult, que organiza o Rally da Safra, a perda na safra de verão do milho é de mais de 1,5 milhão de toneladas em relação ao potencial produtivo que era esperado em outubro de 2022. A empresa reduziu de 31,3 milhões de toneladas, para 29,6 milhões de toneladas a produção prevista para a primeira safra de milho, em função da queda de produtividade nas lavouras gaúchas, principalmente. Ainda assim, este volume, se confirmado, ficará acima das 26 milhões de toneladas produzidas na safra 2021/2022.

Demanda aquecida e preços favoráveis

As exportações de milho mais que dobraram em 2022, superando 43 milhões de toneladas. No ano anterior, marcado pela quebra na safra de milho, os embarques do cereal ficaram em pouco mais de 20 milhões de toneladas. Entre os fatores que colaboraram para o bom desempenho estão a produção maior e a mudança do cenário internacional causada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. Muitos compradores mundiais tiveram que optar pelo milho brasileiro devido à dificuldade em importar dos países da região do Mar Negro.

"Os preços do milho seguem lateralizados, mas em bons patamares, desde o final de 2022 e a expectativa segue otimista para o mercado devido ao aumento das exportações”, afirma o analista da Céleres, Enilson Nogueira. A consultoria prevê que o Brasil exporte um volume próximo a 50 milhões de toneladas de milho em 2023, sob a influência do início dos embarques para a China, que vem garantindo recordes nos últimos meses. O analista acredita que até abril de 2023 ainda haja espaço para aumento nos preços, já que no Brasil ocorre uma espécie de entressafra, antes da entrada da produção maior, colhida no ciclo de inverno.

Os chineses assinaram um acordo com o Brasil em 2022 e também passaram a comprar milho produzido aqui. Este fator deve ser importante para manter os preços do milho em patamares elevados pelo menos durante o primeiro semestre de 2023, quando a oferta é menor no Brasil.

"Mas precisamos ficar atentos à safra dos Estados Unidos, alguns institutos apontam uma tendência de aumento na área plantada por lá", destacou Ismael Menezes, da MD Commodities. Caso isso ocorra, há risco de estoques maiores, o que pode levar a uma correção nos preços do milho na Bolsa de Chicago após o plantio da segunda safra no Brasil, o que acaba refletindo nos preços por aqui.

Outro fator que pode influenciar os preços do milho neste começo do ano é a seca na Argentina, que vem causando prejuízos à safra de grãos. As revisões nas estimativas dos argentinos poderão abrir janelas de oportunidade para que o produtor brasileiro avance na comercialização da safra. Quem vendeu menos de 20%, pode aproveitar para comercializar mais um pouco antecipadamente, se beneficiando de preços e relações de troca mais favoráveis, dizem analistas.