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Soja: produtor deve ficar atento ao correto tratamento de sementes

O tratamento de sementes é uma etapa fundamental na cultura da soja. Depois da escolha das melhores cultivares para cada região e da época ideal de semeadura, é extremamente importante que a semente tenha alto vigor, proporcionando uma boa germinação e contribuindo para o aumento da produtividade. E o primeiro passo neste processo é fazer o tratamento correto das sementes. Confira algumas dicas sobre o tema e aprenda como evitar um problema cada vez mais frequente no campo: o excesso na quantidade de calda, que prejudica o vigor da semente.


A semente de soja precisa ter um nível de vigor capaz de proporcionar uma germinação mais rápida e uniforme, que se estenda também às plântulas, que são as sementes recém-germinadas, emergindo do solo. Uma semente com vigor dá origem a plantas que enraízam mais, aumentando a sua eficiência na absorção de água e nutrientes do solo.

É por isso que o chamado tratamento de sementes é tão importante. A técnica tem por objetivo assegurar a qualidade sanitária das sementes, através da aplicação de produtos químicos eficientes para controlar fitopatógenos, principalmente fungos associados às sementes ou presentes no solo, além de atuar contra o ataque inicial de pragas específicas do solo, protegendo as plântulas durante o processo germinativo e de emergência.


O professor Elmar Luiz Floss, do Instituto de Ciências Agronômicas (Incia), explica que, além de garantirem a sanidade inicial da planta, são as sementes que trazem toda a genética da variedade escolhida para o cultivo, com todas as suas características positivas. Uma semente mais vigorosa tolera melhor os chamados estresses abióticos, causados por fatores climáticos e do solo, e também os estresses bióticos, causados por pragas e doenças. Estudos de várias instituições apontam que o correto tratamento de sementes pode aumentar o rendimento da soja entre seis e 14 sacas por hectare.

Recomendações para o tratamento


Atualmente, diante do maior número de pragas e outros patógenos que a soja é exposta, é preciso fazer o tratamento das sementes de soja com dois diferentes inseticidas e dois fungicidas. Isso aumenta o volume da calda, que é a solução resultante da mistura destes produtos com água para se fazer o tratamento.


Quando se coloca uma quantidade muito grande de calda nas sementes - acima de 800 mililitros (ml) de calda por 100 kg de sementes – a tendência é que, se houver uma demora na semeadura, o grão fique enrugado. A semente de soja, com sua alta capacidade de absorção de água, rapidamente fica encharcada pela calda, incha e enruga. Ao ficar enrugada, é grande a probabilidade de a semente não germinar.

A recomendação é que o tratamento de sementes seja feito com doses adequadas de inseticidas e fungicidas, gerando menos calda, seja no tratamento industrial ou on-farm. Outros produtos, como microrganismos, enraizadores, inoculantes e extratos de algas, por exemplo, devem ser colocados no sulco da semeadura. É que não se consegue colocar todos estes produtos demandados pela cultura durante o tratamento das sementes. Esta é hoje a tecnologia mais moderna à disposição dos produtores.


Alguns sojicultores mais experientes sobre os problemas decorrentes do excesso de calda nas sementes, acabam reduzindo a quantidade de produtos aplicados para diminuir o volume de calda. Entretanto, desta maneira não protegem sanitariamente as suas lavouras ao utilizar sementes que não vão originar plântulas vigorosas e sadias necessárias para altos rendimentos, alerta Floss.


O produtor também precisa ficar atento à alta incompatibilidade de alguns inseticidas e fungicidas com os microrganismos Bradyrhizobium e Azospirillum usados para promover a fixação biológica do nitrogênio, nutriente muito demandado pela soja. O produtor precisa buscar orientação dos fornecedores dos produtos sobre a compatibilidade de cada um deles. Caso sejam incompatíveis, produtos como microrganismos e inoculantes devem ser aplicados por pulverização aérea.

Cobalto e molibdênio

Os micronutrientes cobalto e molibdênio podem ser inseridos durante o tratamento da semente, mas em doses pequenas. Isso vai exigir uma aplicação complementar junto com herbicida ou durante a primeira aplicação de fungicida.


Estes micronutrientes também podem ser aplicados no sulco da semeadura. Neste caso, é preciso ter uma quantidade mínima de calda de 40 litros por hectare. Ao contrário do tratamento de sementes, a aplicação destes micronutrientes no sulco da semeadura precisa ter uma quantidade de calda grande porque há uma diluição que não afeta a germinação da semente.


O cobalto e molibdênio são fundamentais para que microrganismos façam a fixação do nitrogênio pela soja. Se houver deficiência destes micronutrientes, não adianta o produtor aplicar inoculantes que a fixação do nitrogênio não será boa, explica o agrônomo e professor Elmar Floss.